Consciência Negra nos Filmes
Para quem acompanha o Invasão Americana Sinistra desde do começo, lembra do dia 20 de Novembro do ano passado, quando falamos sobre o preconceito contra negros representado nos filmes. Falamos sobre o programa de TV do musical "Hairspray", que excluia os negros e reservava um dia na semana para que eles pudessem se apresentar longe dos brancos. Acho surreal que esse tipo de coisa tenha acontecido, e pior ainda é saber que esse pesadelo não acabou por completo.
Este ano, vamos falar sobre o "The Help" ("Histórias Cruzadas"), um filme lançado em 2011 com as maravilhosas Emma Stone e Viola Davis. Para quem não viu, o drama é baseado no livro de Kathryn Stockett e conta a história do relacionamento de uma mulher branca, Skeeter, personagem de Emma, com duas empregadas negras na era dos Direitos Civis de 1960, nos Estados Unidos. Ela é uma jornalista que resolve escrever um livro mostrando o ponto de vista dessas mulheres, que sofrem preconceitos diários nas casas onde trabalham.
São mulheres que fazem de tudo, limpam, cozinham, criam as crianças, tudo por um salário super baixo, mas que raramente são vistas como um ser humano!
O preconceito era tanto que elas eram proibidas até de usar os banheiros das casas por acreditar-se que carregavam doenças contagiosas em seus corpos. What? Banheiros simples eram feitos do lado de fora para que só elas fizessem uso. Uma das cenas clássicas é quando Aibileen, personagem de Viola, faz sua ex-patroa comer uma torta com suas fezes após ter sido demitida por usar o banheiro da casa.
O que mais me comoveu neste filme foi ver que meninas que foram criadas e amadas por essas mulheres foram corrompidas pela sociedade ao crescerem e adotaram um comportamento racista com elas. O carinho pode até existir em algum lugar do coração delas, mas é deixado de lado na frente da sociedade e substituído por desprezo.
A existência de filmes sobre esse assunto é importante para que possamos nos orgulhar dos avanços feitos pela a humanidade e da superação do preconceito em diversos lugares. Isso tudo, claro, sem deixar de lado o fato de que eles têm ainda a função de denunciar o racismo que ainda mora em muitas pessoas. Como disse no ano passado, não é só no Brasil que continuamos a testemunhar cenas pavorosas de discriminação na internet e nas ruas, nos Estados Unidos podemos ainda encontrar estabelecimentos "white only", ou seja, lugares onde a entrada de negros é proibida.
O filme é um drama comovente, mas é bonito e tem um final legal. Vale muito a pena assistir nesse feriado e refletir sobre todo esse momento de intolerância, não só racial, que ainda vivemos.
Aproveitem o feriado com consciência!
