O Pop Brasileiro e Suas Versões
Eu sei que devo ter falado dos anos 50 em praticamente todos os posts já feitos na breve história do Invasão Americana. Mas realmente eu não posso fazer nada se foram anos marcantes para a cultura americana e mundial. Foi no período pós-guerra que os jovens, com todo o seu Rock'n Roll e sua rebeldia, começaram a fazer a ligação entre seus comportamentos e os produtos culturais, especialmente a música. A partir dessa época, a música que ouvimos passou a definir quem somos. Super concordo, tenho horror de gente que se diz eclética! Além disso, o cinema, a moda e a literatura também contribuíram e continuam contribuindo para a formação da nossa identidade. Os astros da música e dos filmes passaram a ser os ídolos e o espelho de muita gente.
Na década de 80, o surgimento de personalidades como Michael Jackson e Madonna tiveram ainda a influência do cinema ao laçarem clipes, que começaram a ser difundidos pela MTV nos EUA e, mais tarde, do Brasil e em outros países. Esse foi, também, um modo de influenciar o comportamento dos jovens e disseminar o american way of life.
A questão é que este foi um modelo que deu tão certo por lá, que até hoje estamos lançando artistas brasileiros que tentam ter a mesma pegada popular para agradar o maior número de pessoas possível. Ou seja, além de ganharmos cópias brasileiras de artistas americanos, perdemos ainda um pouco da nossa identidade cultural.
Vamos ver alguns exemplos?
Sandy e Junior
Só pela foto já deu para ver que eles se inspiravam em muita coisa de fora. Aliás, até o nome dela foi inspirado em "Grease". Durval Junior é que realmente não teve sorte alguma na hora da escolha, tadinho. Enfim, pra galera dos anos 90 e começo dos anos 2000 que tinha aí uma fixação por S&J, saiba que eles provavelmente foram os seus primeiros contatos com essa influência pop americana. Ao longo de seus álbuns, podemos encontrar várias versões de músicas internacionais.
"Tô Ligado em Você", versão pavorosa de "You're The One I Want", de "Grease". Olha, graças ao bom Deus eu só descobri essa agora. Já pensou se meu primeiro contato com o filme tivesse sido esse? Trauma irreversível! "Com Você" era a versão de "I'll Be There", de Michael Jackson, esse sim foi meu primeiro contato com Michael. Tadinha!
Olha, me desculpem, mas fui iniciar essa pesquisa, e MEU DEUS! Não tem como não colocar mais vídeos! Estou em choque!
Isso, meus amores, é uma bela de uma versão de "I've Had The Time Of My Life". Acho que esse deve ser o post que mais estou me divertindo! Ainda tem a música dos Power Rangers, e "É Cedo Para Amar Assim", versão de "Hopelessly Devoted To You", também de "Grease". "Como Eu Te Amo", versão de "I'll Always Love You" e "Em Cada Sonho", versão de "My Heart Will Go On" também quebraram tudo na minha infância. Eles ainda faziam shows com toda a pegada pop possível, com dançarinos e coreografias e ficaram na minha cabeça mais do que piolho. Além ainda de terem estrelado filmes, como "O Noviço Rebelde" (amo), "Acquaria", e terem ganhado espaço na grade da Rede Globo com um seriado, que fez com que eu nunca mais fosse à praia aos domingos. Mais tarde, em 2002, eles ainda lançaram um álbum internacional cheio de composições novas em inglês e clipes gravados em Miami and shit!
Enfim, estou vendo que esse post deveria ter sido só sobre Sandy e Junior, porque ainda tem muito mais coisa. Mas vamos seguir em frente, já que isso aqui não é enciclopédia.
Wanessa (ex-Camargo)
Wanessa arrancou meu dinheiro apenas uma vez quando eu era criança no lançamento do seu primeiro álbum, que aliás também tá cheio de versões internacionais.
"Wanessa? Alô, Wanessa?" Ui, olha eu toda 9, 10 anos ouvindo Wanessa Aventureira do Amor, com direito a Dado Dolabella no clipe. Enfim, depois do sucesso, depois ter lançado três CDs com o mesmo nome e um só com "W", e depois aindada rixa com Sandy Leah, ela caiu no esquecimento. Mas pra quem achou que nunca mais seria obrigado a lidar com a sua existência, ela resolveu voltar em 2011, ao lançar um álbum somente com músicas in english. Hoje ela está aí, fazendo show em boate gay e sendo sacananeada em rede nacional com o seu playback.
Wanessa, se por um milagre do destino você um dia ler isso, quero te indicar as aulas de conversação da Cultura Inglesa para melhorar a questão da sua pronúncia. "Xainironmi" não dá! Um beijo carinhoso!
Rouge
É lógico que também marquei presença em um show do Rouge. Sempre fui muito fiel aos artistas feitos para as crianças dos anos 90 e 2000. É meu dever dizer que admiro meus pais por terem aturado essa fase, porque eu não só ouvia toda essa gente, como também ouvia aos berros, sabe? Era difícil morar comigo! Isso porque não vou nem falar de Chiquititas.
O modelo do grupo não tem tanta influência americana, já que elas foram inspiradas nas espanholas Las Ketchup, e nos fazem lembrar das britânicas Spice Girls. Mas os álbuns delas estão completamente cheios de versões de músicas americanas.
"Demaaaaaais, yeah yeah". Compara com essa pigmeuzinha cantando agora!
Br'oz e KLB
Uns tem Backstreet Boys e N'Sync. Outros tem Br'oz. Cada um tem a boy band que merece! O fato é que esses capetas em forma de guris eram a nossa. Nunca nem gostei, não deu pra mim. Além deles, a gente ainda tinha os gloriosos Twister e KLB, todos na missão de imitar o modelo americano de grupos de meninos que cantam, dançam e arrancam gritos histéricos das meninas. Poderiam ter caprichado mais no visual da galera, as brasileiras nunca foram bem servidas!
Agora, temos P9! Uma boy band brasileira ainda mais americanizada, formada em 2012 por produtores internacionais. Chique! As músicas são óbviamente em inglês, acho que em português não deve pegar muito bem, só pode. Sei que eles foram inspirados nessa galera de fora, Backstreet Boys, One Direction, The Wanted, e tal.
Imagina um vídeo em que os Backstreet Boys assistem um clipe de Br'oz? Melhor vídeo da vida!
Olha que horror!
Bom, vocês já perceberam como a nossa infância foi uma farsa e que os produtos e músicas foram super hiper calculados para nos agradar. Parabéns, aos responsáveis, eu comprei quase tudo! Atualmente, a onda é tentar fazer divas no Brasil e ver quem é a nossa Beyoncé. Na minha humilde opinião, nunca vai rolar! Anitta, Ludimila, essas meninas não chegam nem perto, mas continuem tentando (se vocês quiserem, por mim já tá bom).
Assim como Xuxa visita os produtores de Ellen Degeneres para que elas ficarem cada vez mais parecidas, nossas cantoras brasileiras também recebem conselhos e dicas de produtores e coreógrafos das estrelas americanas por saberem que esse é o modelo que funciona. Copiam o ritmo, o cabelo, o figurino, a dança, o cenário! Quanto mais enlatado, melhor!
O pop americano faz tanto sucesso que até Taylor Swift, conhecida como a Princesa do Country (cafona), já tá aí se rendendo ao povão!
Enfim, gostaria só de terminar esse post dizendo uma coisa:
Isso
Nunca será isso
Uma beija!